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Marina Silva diz que defender as NDCs por cada país será a principal pauta e nosso maior do desafio na COP 30 na Amazônia

Amazônia, onde a ministra Marina nasceu e cresceu, onde é um símbolo vivo da semente que plantou na Rio 92. Uma região onde é evidente a conexão entre as três convenções que assinou naquela ocasião: a Convenção de Biodiversidade, a Convenção-Quadro de Clima e a Convenção sobre Desertificação. Agora é novamente protagonista na pauta de enfrentamento da mudança do clima. Para ela “A Amazônia nos mostra o quanto as convenções estão entrelaçadas nos seus desafios, mas também nas soluções sinérgicas que abarcam”declara.

Na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em entrevista exclusiva para a Amazônia Connect explica que o grande ponto de pauta na COP 30 na Amazônia é de defender as NDCs “As contribuições nacionalmente determinadas por cada país as NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada) na COP 30 na Amazônia será a principal pauta e nosso maior do desafio que é não permitir que a temperatura da terra avance acima de1,5°C (um ponto cinco graus de temperatura). Esse é o dever de casa que deve sair aqui do Brasil e nós estamos trabalhando desde muito tempo para que isso aconteça nós.

Lá na COP 28 conseguimos fazer com que as medidas que tinham que ser tomadas em relação à negociação, processo e os recursos para a reparação de Perdas e Danos para os países mais vulneráveis. O Brasil foi distribuindo essas responsabilidades ao longo das costas e nós esperamos que aqui em Belém com a ajuda de todos os 195 países, possamos fazer aquela que talvez seja a maior tarefa desse Milênio: “Fazer o enfrentamento da mudança do clima”. Isso também tem que sair da COP 29 no Azerbaijão, enfatizou a Ministra.

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Tecnologia e inovação estão presentes na Amazônia

A Huawei anunciou na segunda-feira, 27, em São Paulo, a segunda fase de seu projeto Tech4Nature, que visa utilizar inovações tecnológicas digitais para a preservação do meio ambiente e desenvolvimento econômico.

Com o tema “Conectividade: Caminho para um Futuro Mais Inclusivo na Amazônia”, a empresa detalhou o plano para abastecer a região com soluções que ajudam a proteger a floresta, promover inclusão digital e impulsionar a economia local.

O projeto faz parte da iniciativa global carro-chefe da Huawei, TECH4ALL com o objetivo de apoiar a construção de um mundo mais inclusivo e inteligente, no qual a tecnologia esteja a serviço de resolução de problemas em quatro grandes áreas: meio ambiente, educação, saúde e desenvolvimento de zonas rurais.

“O TECH4ALL é importante porque promove o desenvolvimento sustentável local e leva conectividade para onde não tem. Temos uma preocupação muito grande com o meio ambiente, que faz parte do ecossistema que nós precisamos ajudar a preservar não apenas no Brasil, mas no mundo todo”, comenta Atilio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas na Huawei para América Latina e Caribe.

De 2024 a 2026, a Huawei cooperará com a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) para implementar um projeto de proteção ambiental na área da foz do Rio Amazonas, no estado do Pará.

“Nós vamos capacitar as pessoas da região para que usem a ciência e a tecnologia como forma de prevenção de queimadas e de proteção da flora e da fauna locais. Dessa forma, os próprios habitantes vão participar ativamente do projeto, gerando conhecimento, ciência e inclusão digital”, completa Rulli.

Ele explica que a tecnologia será usada, por exemplo, para monitorar a mudança de temperatura e do nível das águas da região, através de inteligência artificial, câmeras e sensores inteligentes, entre outras aplicações que ajudam a detectar anomalias ambientais.

Inclusão digital

O evento reuniu ainda representantes da IUCN e executivos da operadora Veloso Net, parceira da Huawei no projeto que leva inclusão digital à Região Norte.

Juntas, as empresas desenvolveram, nos últimos anos, redes de telecomunicações para conectar a população do Amazonas. Resultado: pela primeira vez, 30% dos residentes do estado passaram a ter acesso à internet 4G.

“A banda larga móvel é o maior instrumento para inclusão digital que existe. A conectividade move a economia local, permitindo a comercialização de dispositivos, e ajuda a minimizar os abismos digitais. Para isso, é fundamental investir também na capacitação do uso da tecnologia”, finaliza o executivo da Huawei.

A parceria da empresa com a Veloso Net consistiu na instalação de redes de banda larga em comunidades e em cidades localizadas ao longo do Rio Solimões, com extensão de 1,7 mil quilômetros, partindo de Tabatinga (AM), cidade próxima à fronteira com a Colômbia, até Manaus, capital do estado brasileiro do Amazonas.

Tabatinga (AM) - A cidadede Tabatinga, no Amazonas é um dos locais onde ocorre o AmazonLog 2017, exercício de logística multinacional interagências, na tríplice fronteira (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Como a tecnologia pode ajudar a salvar a Amazônia

Ameaçada por desmatamento, garimpo e pecuária, preservação da floresta ganha fôlego abastecido por indústria 4.0. Novo projeto visa fomentar negócios que protegem o bioma e distribuem lucros entre habitantes locais.

Entre árvores frutíferas nativas e rodeada pela Floresta Amazônica, Selma Ferreira aguarda uma grande transformação na dinâmica do trabalho que faz com outras 40 mulheres na Amabela – Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra, município no Pará. De forma artesanal, elas coletam e transformam caroços de cupuaçu – que antes iam para o lixo – num produto apreciado: um tipo de chocolate.

A mudança tão aguardada virá em forma de tecnologia. Uma fábrica sob medida será instalada no início de 2022 para que elas consigam ganhar mais com o que retiram cuidadosamente da floresta.

“Os pesquisadores já explicaram o projeto pra gente. Estamos empolgadíssimas, queremos desenvolver um produto de qualidade, apresentar uma boa venda, levar nosso chocolate para o Brasil, para o mundo”, diz Ferreira. Por enquanto, a iguaria só é fornecida às feiras da região.

Esse ambiente criado pelo esforço dessas mulheres, movidas pelo slogan “do lixo para a mesa” e que aproveitam todas as partes das plantas nativas, é como um laboratório perfeito para testar o experimento dos cientistas à frente do projeto Amazônia 4.0.

A iniciativa propõe uma via alternativa à que está em curso na região, atualmente pavimentada pelo desmatamento, garimpo e pecuária de baixa produtividade. O projeto quer comprovar que existem modelos de negócio que podem preservar o bioma com maior biodiversidade do mundo, evitar emissões de gases de efeito estufa liberadas pelo corte e queima da mata, e distribuir a riqueza gerada entre os habitantes da floresta.

“Nossa meta é ajudar a agregar valor à matéria-prima que vem da floresta, do trabalho dos locais, para que essa economia da floresta em pé seja superior à economia do trator, da destruição”, explica Ismael Nobre, diretor científico do Amazônia 4.0.

Alta tecnologia para os moradores da floresta

A fábrica móvel aguardada por Ferreira está quase pronta, a mais de 3 mil quilômetros dos pés de cupuaçu e cacau de onde ela retira os frutos. Em São José dos Campos (SP), a equipe de pesquisadores faz os últimos ajustes antes do transporte até a comunidade amazônica.

Ancorado no conceito de indústria 4.0, em que máquinas são criadas com tecnologias como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem, o projeto pensa em modelos para incentivar a bioeconomia e recompensar os conhecimentos tradicionais.

“As tecnologias da quarta Revolução Industrial tornam possível, pela primeira vez, pensar numa economia de valor agregado feita junto e por atores locais”, comenta Nobre.

A ideia é que todo o processo, da coleta na floresta à produção final, fique nas mãos das comunidades, assim como o lucro. Estudos sobre diferentes cadeias feitos pelos pesquisadores mostram que matérias-primas saem da Amazônia por baixo valor e, quando atingem alguns mercados, viram artigos caros, como cosméticos vendidos fora do país que levam açaí ou o próprio cupuaçu em sua composição.

De todos os empreendimentos em fase de desenvolvimento, chamados de Laboratórios Criativos da Amazônia, o que envolve cacau e cupuaçu é o mais avançado. Inicialmente, ele contará com uma fábrica inovadora pequena, para demonstração do modelo, movida à energia solar. Um sistema de rastreabilidade automático, com tecnologia blockchain, permitirá que o consumidor consulte todas as informações de origem do futuro chocolate.

“Nós vamos oferecer treinamento nas comunidades nessa fase inicial. O sistema todo automatizado também vai permitir que o resultado final da produção seja compatível com mercados internacionais”, adiciona Nobre.